segunda-feira, 22 de junho de 2009

É tão estranho que os bons morram jovens...

Por tantas situações, e por essa realidade, aí vai apenas mais um desabafo!
SERÁ QUE SÓ COM A MORTE DE ALGUÉM, IREMOS REALMENTE VER O QUE NÃO QUEREMOS ENXERGAR?!


"É tão estranho que os bons morram jovens...

Esta frase permeou meus pensamentos ao longo desta semana, desde que fiquei sabendo via internet, da morte do pe. Gisley Azevedo Gomes, dos Sagrados Estigmas. Pouco sabia da vida dele e de seu trabalho. Mas quando resolvi pesquisar sobre sua vida e ler um pouco mais sobre seu trabalho, fiquei realmente preocupado por ser ele um jovem, há pouco tempo ordenado sacerdote, dedicava-se não por uma juventude apenas, mas pela variada diversidade de manifestações juvenis desse nosso encantador país. E certamente tinha atenção especial pelos mesmos jovens, que o brutalmente assassinaram. Nessa época de intensas provas, deparei-me com um assunto pouco conhecido ainda em salas de aula das nossas universidades. Falar sobre interculturalidade é um desafio e tanto, encontramos pouca literatura sobre o assunto, e geralmente em um espanhol diferente do que aquele que conhecemos. Mas pude chegar a um entendimento, até porque dificilmente a filosofia nos permite chegar a uma conclusão. A interculturalidade não é nada mais que um processo desenvolvido na América Latina na busca de um diálogo construtor e questionador de nossa identidade. Complicado isso? Bom. Na verdade é. Mas nada que a gente não possa entender. Trata-se mais ou menos de um trabalho semelhante ao que o Pe. Gisley vinha fazendo como assessor do setor juventude.
Acredito que é de nosso conhecimento que não podemos generalizar a juventude, pois é uma variedade imensa de manifestações de jovens que vemos pelas ruas de nossas cidades, até mesmo nas menores cidades de nosso país. O pe Gisley tinha em suas mãos a árdua tarefa de levar a toda essa diversidade de jovens a inquietação da Boa Nova, a esperança de construir uma civilização do amor, um mundo onde a nota mais alta fosse a solidariedade. Na minha prece matinal desta semana, tentei sempre recordar dele. E também dos jovens que cometeram a atrocidade. Fico pensando no que faltava para eles terem feito isto, o porquê matar um dos seus, será que eles tinham condições parecidas com as nossas? Internet, quarto aconchegante, transporte para a faculdade, certeza de que todos os dias fariam as três refeições básicas? Será que eles eram amados pelos seus pais? Será que eles viviam com seus pais? Será que eles iam à igreja? Será que eles professavam uma fé? Será que eles tinham sonhos? Não quero inocentá-los. Apenas me pergunto até onde vai nosso amor pelo irmão menos favorecido? O que nós jovens, inquietados por este fato, sedentos por um mundo mais humano, vamos fazer pra que isso não passe em branco? Como nós jovens podemos mudar esta realidade tão deprimente?
Eu continuo rezando pelo pe Gisley, pela ir. Dorothy, ir. Adelaide Molinari, pelos jovens que são assassinados por balas, por bombas, pela mídia consumista, pela globalização, pela era egocêntrica, onde a maior preocupação é em eu me dar bem e o outro que se dane. Eu continuo rezando pelos jovens que assassinaram, que são mandados matar, pelos que matam sem saber. Pelos que sequer noção fazem da morte que alimentam em seus corações.
Eu continuo acreditando nos jovens que lutam, que batalham, que fazem, que riem apesar das dores, que falam alto e sonham em um mundo bem melhor de se viver. E quero cada vez mais acreditar que essa juventude é quem vai se solidarizar com estes jovens que morrem a cada dia e sequer são lembrados. Pelos que morrem intelectual, moral, física, sexualmente. Pelos que são explorados. Pelos tantos jovens."

Giani Marcos Pitol

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